segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

O Deus Grande das Pequenas Coisas

Gastei vários anos de minha vida pensando que Deus queria que eu fizesse grandes coisas. Eu fazia as pequenas coisas também, mas tendo em vista que chegaria o dia em que faria grandes coisas.

Queria ser uma grande mulher usada por Deus como as mulheres da Bíblia, como as mulheres dos grandes missionários. Era isso que eu queria. No entanto, passei meus primeiros anos de ministério limpando bumbuns (3 filhos menores de dois anos), trocando fraudas, preocupada com o que fazer para alimentar bem a minha família. E a roupa suja que nunca acabava? E a casa que nunca se mantinha limpa? E os crentes que tinham que ser consolados, ouvidos, animados e doutrinados? Eu só tinha tempo para clamar a Deus, cuidar dos meus filhos e um pouco da casa. Não dava para trabalhar fora. Mas tudo bem, um dia eu seria uma grande mulher.

Mas depois de 10 anos de ministério, descobri que não havia feito nenhuma grande obra. Nada que merecesse uma menção honrosa, nenhum prêmio, nada... Eu continuava sendo uma pessoa comum.

Veja bem as coisas as pequenas coisas que eu fazia: hospedava muita gente e recebia outros para refeições, visitava pessoas enfermas, orava e intercedia pelas pessoas e por motivos que não compreendia, dava aula para crianças e para casais na Escola Dominical, reservava um tempo com Deus, orava com e pelos meus filhos, aconselhava o pastor meu marido, era sua amiga inseparável apoiando seu ministério. Preocupava-me pelo futuro dos meus filhos, buscava ser uma boa mãe, compreensiva, acolhedora, disciplinar sem ira, responsável e dar bom testemunho. Buscava ser uma boa esposa, não envergonhar meu marido, respeitá-lo, amá-lo, cuidá-lo. Orava pelos meus vizinhos, amigos e família. Buscava mostrar misericórdia, ser amorosa e ética. Tudo coisa comum, que todas nós fazemos. Nada que me convertesse em famosa. Ah, houve um tempo em que queria ser escritora. Escrever livros que arrancassem lágrimas das pessoas e que as ajudassem ver quão grande pessoa era eu.

Depois de 25 anos de ministério há algumas coisas que, de tanto Deus repetir, acabei aprendendo:
- As pequenas coisas são o nosso dia a dia;
- As pequenas coisas são mais difíceis de se ver e, por isso, mais difíceis de serem feitas cotidianamente;
- As pequenas coisas são mais difíceis de serem reconhecidas e aplaudidas;
- As pequenas coisas exigem disciplina e continuidade;
- As pequenas coisas exigem anonimato.

Mas as pequenas coisas são coisas que transformam vidas, são o toque do amor de Deus na vida das pessoas. Tenho aprendido através do evangelho a dar importância aos pequenos atos de amor que o Senhor quer que manifestemos dia a dia: "pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram" (Mt 25.35-36). Jesus neste texto fala das pequenas coisas cruciais para um ser humano manter-se vivo: alimento, água, casa, abrigo, roupas, hospedagem, cuidados, companhia e aceitação. Jesus falou dessas necessidades porque ele as sentiu na pele e se identifica com os necessitados. Por isso, a pergunta e o assombro dos justos: "Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou necessitado de roupas e te vestimos? Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar?" (Mt 25.37-39). Jesus surpreende seus interlocutores se pondo no lugar dessas pessoas que recebem os pequenos atos de amor, as pequenas coisas: "O que vocês fizerem a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram" (Mt 25.40).

Você também se sente como eu que só faz pequenas coisas? Na verdade, o Deus criador de todo o universo se preocupa com os pequenos e cotidianos atos de cuidados e amor. Portanto, para fazer pequenas coisas temos que nos sentir pequenas mulheres, porque necessitamos de humildade e perseverança para fazer pequenas coisas. E isso para Deus é grande, porque são atos prestados diretamente a pessoa de Jesus.
Rosa Maria de Oliveira del Pino

2 comentários:

NEYDINA disse...

Rosa Del Pino,

Sou a irma Neyde (Brasil/RJ) Igreja Presbiteriana da Gavea. Apreciei o seu testemunho e me inseri nele de que como gostaria de ter sido algo melhor para Deus, sempre. Fiquei muito feliz com a sua preocupacao e creio que existem muitas mulheres que pensam como voce e o seu testemunho eh fundamental para que possamos ter um olhar mais a frente e que Deus nos usara no tempo certo e na idade certa, tambem. Te admiro irma porque es um lutadora na fe em Deus e querendo sempre servi-Lo e o seu aprendizado com tantos anos servindo a Deus te deu uma caminhada maravilhosa nos artefatos do saber cristao. Sou nova convertida e tenho um grande estrada pela frente e apesar dos meus 68 anos agradeco a Deus por Ele ter me salvado a tempo. Deus te abencoe e a sua familia tambem. Com o meu afeto, Neyde dos Anjos de Figueiredo

Anônimo disse...

Querida irmã Rosa,

Pertenço a Igreja Presbiteriana do Bueno em Goiânia-Brasil. Seu testemhunho foi de uma cristã preciosíssima aos olhos de Deus, você é uma mulher maravilhosa e grande perante sua família; quem dera que 50% das mulheres tivessem o seu sucesso. Deus continue lhe abençoando. Abraços.